Mais jovem na história da Laver Cup, João Fonseca celebra evolução no 1º ano de circuito

Bill Trocchi

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SAN FRANCISCO, Estados Unidos – João Fonseca está prestes a fazer história. O brasileiro de 19 anos será o jogador mais jovem a competir na Laver Cup desde sua criação, há oito anos. Ele entra em quadra nesta sexta-feira (19), representando o Time Mundo contra o italiano Flavio Cobolli, do Time Europa.

E essa estreia quase aconteceu um ano antes.

Em 2024, quando a competição foi disputada em Berlim, Fonseca foi convidado pelo capitão do Time Mundo, John McEnroe. Na época, ele era o número 1 do ranking juvenil e já havia disputado alguns torneios da ATP. Mas, ainda fora do top 100, ele e sua equipe acharam que ainda não era o momento ideal.

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Tudo mudou em 2025. Com o retorno de Andre Agassi à Laver Cup no início do ano, Fonseca sabia que era sua hora. Venceu o Next Gen ATP Finals em dezembro de 2024 como o mais jovem da chave e passou a disputar a temporada completa da ATP em 2025.

“Hoje me sinto mais confiante, mais à vontade pra estar aqui”, disse Fonseca ao The Sporting News. “No ano passado, eu não estava pronto. Tinha 18 anos, pouca experiência com grandes estádios, enfrentando os grandes nomes.”

“Agora sou mais maduro, já vivi situações assim. Não sou mais só uma promessa: sou mais concreto, estou no top 50. Vai ser muito legal.”

Fonseca inspira o Brasil em 2025

A temporada começou com tudo para o carioca: título no Challenger de Canberra, seguido pela classificação à chave principal do Australian Open após passar pelo qualificatório. Logo na estreia em Melbourne, chocou o mundo ao eliminar o cabeça de chave número 9, Andrey Rublev, em sets diretos.

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A vitória deu visibilidade global ao brasileiro, que caiu na segunda rodada após um duelo de cinco sets contra Lorenzo Sonego. Mesmo com a derrota, o recado estava dado: ele podia competir de igual pra igual com os veteranos.

No Brasil, a comparação foi imediata: Fonseca virou ídolo e sucessor natural de Gustavo “Guga” Kuerten, o maior tenista masculino da história do país, ex-número 1 do mundo e tricampeão de Roland Garros.

A torcida brasileira também não decepcionou. Durante o Miami Open, em março, o apoio foi tão intenso que Fonseca comentou:

“Parecia que eu estava jogando no Brasil.”

Ele chegou à terceira rodada do torneio, sendo eliminado pelo cabeça de chave número 10, Alex de Minaur, em três sets.

“Tem muita coisa positiva nesse apoio dos brasileiros”, disse Fonseca. “Mesmo nos challengers, eles estavam lá. É cultural. Quando veem alguém se destacando, acompanham de perto. Isso é super legal.”

“Mas vem também com uma certa pressão, o que é natural. Faz parte. Na maior parte das vezes, é mais um ponto positivo.”

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Tim Henman compara Fonseca à geração de Guga

Vice-capitão do Time Europa, o britânico Tim Henman entende bem o que é carregar a pressão de uma nação. Foi o número 1 do Reino Unido por anos, perseguindo o sonho coletivo de ver um britânico vencer Wimbledon, algo que não acontecia desde Fred Perry em 1936. Henman bateu na trave quatro vezes, com quatro semifinais em cinco anos.

“Estava em Miami este ano quando ele jogou, e vi de perto a torcida brasileira”, contou Henman ao The Sporting News. “Me lembrou muito da época do Guga, e joguei bastante contra ele. Essa paixão é incrível de ver, faz bem pro esporte.”

“O importante é manter o foco no que se pode controlar: preparação e desempenho. O resto — barulho, expectativa — foge do nosso alcance. O entorno dele vai ser fundamental pra manter o foco no que realmente importa.”

“Pelo que vi até agora, ele é um ótimo garoto, tem pessoas boas ao redor e um grande jogo. Estou animado pra ver o que ele vai fazer, não só neste fim de semana, mas nos próximos meses e anos.”

 

Roger Federer, Joao Fonseca

Fonseca valoriza evolução constante e se diz mais maduro

João Fonseca tem vivido um ano consistente e subiu ao 42º lugar do ranking da ATP. Em sua primeira temporada completa no circuito profissional, o brasileiro chegou à terceira rodada de Roland Garros e de Wimbledon, além de alcançar a segunda rodada do US Open, logo após completar 19 anos em agosto.

Apesar de alguns analistas terem se empolgado com a "Fonseca Fever" e apontado até uma possível conquista em Paris, o próprio jogador valorizou o processo de evolução gradual.

“Estou feliz com esse primeiro ano”, disse Fonseca. “É meu primeiro ano jogando os grandes torneios. Comecei o ano como 120 do mundo, agora estou no top 50. É uma grande conquista — não só em termos de ranking, mas como pessoa e como atleta. Estou mais responsável, mais maduro, entendendo melhor o jogo.”

Durante os primeiros dias na Laver Cup, Fonseca contou que tem aproveitado para absorver tudo o que pode ao lado de alguns dos maiores nomes do tênis mundial. Inclusive, admitiu ter ficado nervoso ao conhecer Roger Federer pela primeira vez, na quarta-feira, no Chase Center.

“Normalmente fico só ouvindo, não falo muito”, contou o brasileiro. “Apenas escuto, ganho experiência com esses caras e aprendo bastante.”

Fonseca chegou a considerar jogar tênis universitário pela Universidade da Virgínia antes de optar pela carreira profissional — o que teria dado a ele mais oportunidades em um ambiente coletivo. Ainda assim, diz que adora representar o Brasil na Copa Davis, e espera sentir essa mesma energia coletiva defendendo o Time Mundo nesta Laver Cup.

“Cada jogo aqui não é só por você mesmo, é pelo time e por quem te inspira”, explicou. “Temos um cara que está no top 5, que é o Taylor (Fritz), e vamos estar lá torcendo por ele, assim como ele vai estar torcendo por nós. A gente é um time. O Andre (Agassi) tem falado bastante sobre isso. É importante manter uma energia positiva fora da quadra e no banco também.”

Bill Trocchi

Bill Trocchi grew up reading media Hall of Famers Bob Ryan, Peter Gammons, Will McDonough and others in the Boston Globe every day and wound up taking the sports journalism path after graduating from Vanderbilt. An Alumnus of Sports Illustrated, Athlon Sports and Yahoo Sports/Rivals, Bill focuses on college sports coverage and plays way too much tennis.